Muitas vezes atribuímos à personalidade do Espírito Santo uma forma corpórea, confundindo pessoalidade com corporeidade. Entretanto, Deus é Espírito e, portanto, não possui “carne e ossos” (Jo 4.24; Lc 24.39; Nm 23.19; Os 11.9; Jo 5.37).
Na obra Hermenêutica Fácil e Descomplicada (CPAD, 2005, p. 237-241), discutimos várias proposições relativas à oposição espírito-corpo aplicadas ao estudo da natureza da deidade. Jamais devemos imaginar que os hebreus concebiam a divindade como um ser mortal. Estavam cônscios de que o Criador não era homem (Nm 23.19; Os 11.7; Ml 3.6; Jo 4.23,24; Dt 4.1), mas percebiam que o fato de Deus ser Deus, e não homem, implicava uma existência e inacessibilidade impossível à compreensão humana (1 Tm 6.16). Daí, não se omitiram em atribuir ao Criador características humanas, o chamado antropomorfismo, ou sentimentos humanos, teologicamente considerados como antropopatismo. Lembremos que ninguém jamais viu a Deus em sua Glória (Cl 1.15; 1 Tm 6.16; Jo 1.18; 1 Jo 3.2). A afirmação de que Deus é espírito leva-nos a concluir que Ele é incorpóreo, mas pessoal. Senão vejamos:
- Por não possuir partes corporais, Deus não está sujeito às limitações a que estão sujeitos os seres humanos;
- Por ser incorpóreo, não possui faculdades sensoriais como um homem e, por isso, não está sujeito às paixões humanas;
- Por ser incorpóreo, não se compõe de nenhum elemento material, e não está sujeito às condições naturais;
- Por ser incorpóreo, subentende-se que Ele deve ser adorado de modo não corpóreo, e sim, espiritual (Jo 4.24), pelas faculdades da alma, vivificadas e iluminadas pelo Espírito Santo (1 Co 2.14; Cl 1.15-17).
Isto posto, Deus não pode ser visto com olhos naturais e nem apreendidos pelos sentidos físicos. Com essas declarações NÃO estamos afirmando que:
- Deus seja um hálito, vento ou algo amorfo, irreal, sombrio, pois Jesus referiu-se a forma de Deus (Jo 5.37);
- Deus seja impessoal, desprovido de atributos de personalidade, pois entendemos que corporeidade não equivale à personalidade.
(Hermenêutica Fácil e Descomplicada, CPAD, 2005, p. 239).
1.1 - Características Pessoais Atribuídas ao Espírito Santo
Identifica-se como pessoa, alguém que manifesta qualidades como falar, sentir e fazer alguma coisa racional. Por personalidade do Espírito Santo, queremos dizer que Ele possui ou contém em si os elementos de existência pessoal em contraste com a existência impessoal. Por características pessoais não nos referimos a mãos, pés ou olhos, pois estas coisas denotam corporeidade, mas a qualidades como: inteligência, sentimentos e vontade, que indicam personalidade. Os atributos pessoais do Espírito Santo são:
a) - Inteligência: Está relacionada com o intelecto. Mente que pensa, raciocina, reflete e analisa. O Espírito Santo é um ser inteligente. Ele pensa, raciocina, fala e determina (Rm 8.27; Ap 2.7; Jo 14.26; At 16.6-7; 2 Pe 1.21);
b) - Sentimento: Tem haver com emoções, sentido, alegria, amor, paz, tristeza e saudade. O Espírito Santo possui todos os graus de afeição e sensibilidade de quem ama, geme, entristece e intercede (Rm 8.26,27; Ef 4.30);
c) - Volição: Tem haver com livre-arbítrio, poder de escolha e decisão. O Espírito Santo faz o que quer, quando precisa e quando deseja, pela capacidade de seu conhecimento (At 13.2; 16.6,7; 1 Co 12.13; Hb 2.4; 1 Co 12.11).
1.2 - Atos Pessoais Atribuídos ao Espírito Santo
Através das Escrituras, o Espírito Santo é apresentado como agente pessoal ao realizar atos que só podem ser atribuídos a uma pessoa, tais como:
a) - Ele perscruta as profundezas de Deus: “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; por que o Espírito a todas coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus” (1 Co 2.10);
b) - Ele fala: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2.7; At 8.29; 10.19,20; 11.12; 13.2);
c) - Ele intercede: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossas fraquezas; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobre maneira com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26);
d) - Ele ensina: “Mas o consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo a que vos tenho dito” (Jo 14.26; 16.12-14);
e) - Ele guia e conduz: “Pois todos os que são guiados pelo Espírito Santo de Deus são filhos de Deus” (Rm 8.14; At 14.16);
f) - Ele chama e comissiona os homens: “E servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo; separai-me agora Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”; “Olhai por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispo, para apascentardes a igreja de Deus, a qual Ele comprou com seu próprio sangue” (At 13.2; 20.28).
1.3 - Tratamento Pessoal Dirigido ao Espírito Santo
a) - Podemos rebelar-nos contra Ele, entristecê-Lo e extingui-Lo: “Mas eles foram rebeldes, e contristaram o seu Espírito Santo pelo que Lhes tornou em inimigo, e ele mesmo pelejou contra eles” (Is 63.10; Ef 4.30; 1 Ts 5.19);
b) - Pode-se mentir para Ele: “Então disse Pedro: Ananias, porque encheu Satanás teu coração para mentires ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo?” (At 5.3);
c) - Pode-se blasfemar contra Ele: “Por isso vos declaro: Todo o pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir” (Mt 12.31,32).
Blasfemar significa: “Ultrajar ou falar repreensivamente de Deus, de Cristo ou do Espírito Santo. E blasfemar desse modo seria impossível se o objeto de irreverência não fosse pessoal”.
1.4 - Pronomes Conferidos ao Espírito Santo
A Bíblia não coloca o Espírito Santo na categoria do isto ou da coisa, mas do pronome tu, da pessoa. Em João 16.8,13,14 encontramos algumas vezes os pronomes Ele, Aquele (no grego ekeinos) que indicam a pessoa do Espírito Santo. Em João 14.16, encontra-se a expressão “outro Consolador”, que mais uma vez identifica a personalidade do Espírito Santo. A palavra “outro”, no contexto usado por Jesus, no grego “allos”, significa “outro do mesmo tipo”.
O Filho de Deus revelou-se como pessoa, mas falou de outra que Ele enviaria após sua subida ao céu. Consolador no grego “paraklēto”, significa “aquele que dá força” ou “aquele que encoraja”. O sentido, então, é “ajudador, advogado”. Este é alguém para representar uma pessoa. O Espírito Santo é o consolador, isto é, o advogado dos fiéis de Cristo (1 Jo 2.1).
1.5 - Associação do Espírito Santo com as outras Pessoas da Divindade e com o Homem
a) - Mateus 28.19: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”;
b) - Atos 15.28: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais”;
c) - 2 Coríntios 13.13: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós”.
1.6 - Origem da Idéia de Impessoalidade do Espírito Santo
a) - As várias manifestações de Deus Pai tornam relativamente fácil conceber sua paternidade em termos de personalidade.
b) - A encarnação torna quase, se não inteiramente, impossível desacreditar na personalidade de Jesus Cristo;
c) - As ações e operações do Espírito Santo, por sua vez, são de tal forma secretas e místicas e tanta coisa se diz da influência, graça, poder e dons, que ficamos inclinados a pensar nEle como se fosse uma influência, um poder, uma manifestação ou emanação da natureza divina, e não uma pessoa.
d) - A falta de compreensão das metáforas que a Bíblia usa para caracterizar, manifestar e expressar a pessoa do Espírito Santo.
ü Em Jo 20.20, Jesus associa o Espírito Santo ao fôlego ou sopro. Jesus aparece aos seus discípulos e os saúda “Paz seja nesta casa”. Em seguida, sopra e diz: “Recebei o Espírito Santo”. Perceba a associação do ato de Cristo, com o ato criador de Gênesis 2.27.
ü Em João 3.6-8, Ele O associa ao vento: “o vento (pneuma) sopra onde quer” e acrescentou: “... não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”.
ü Em Atos 2.1 e 3 o Espírito Santo manifesta-se como fogo: “...E apareceram distribuídas sobre eles línguas como de fogo”. Portanto, quando o Espírito Santo manifestou-se no dia de Pentecostes, o elemento que Ele escolheu para expressar-se, foi o fogo. João Batista já havia dito que o batismo do Espírito Santo seria também batismo com fogo: “Aquele que vem após mim vos batizará com Espírito Santo e com fogo”.
Ora, tudo isto mal compreendido, forma a idéia de um ser impessoal. Mediante o uso de pronomes pessoais, associações, características, ações pessoais realizadas e o tratamento pessoal recebido, as Escrituras provam que o Espírito Santo é uma pessoa.
2. A Deidade do Espírito Santo
2.1 Definição
Por divindade do Espírito Santo, entende-se que Ele é um ser como Deus, fazendo parte da divindade, sendo co-igual, co-eterno e consubstancial com o Pai e com o Filho. A Escritura deixa patente a verdade sobre a divindade do Espírito Santo. O Espírito Santo é Deus porque sua natureza é divina, e a natureza básica essencial da Divindade é espírito.
2.2 - Nomes Divinos Atribuídos ao Espírito Santo
O nome “Espírito Santo” não aparece no Antigo Testamento hebraico, sendo chamado de “O Espírito da tua Santidade” (Sl 51.11) e “o Espírito da sua Santidade” (Is 63.10,11). O Espírito de Deus ou de Iavé, tornou-se “Espírito Santo”, isto é, o Espírito do Santo, sendo em Mateus 1.18 a sua primeira ocorrência no Novo Testamento.
2.3 - Espírito de Deus
Espírito, aqui, identifica a terceira pessoa da Trindade. “Deus” revela sua deidade (Gn 1.2; 1 Co 2.11). O Espírito é chamado Deus, porque a Divindade pertence às três pessoas da Trindade; Ele é chamado Espírito de Deus, porque é enviado pelo Pai (Jo 15.26); Ele é chamado Espírito de Deus, porque é promessa do Pai (At 1.4); a importância do nome está na identificação com o Pai e revela a relação íntima com Ele (1 Co 3.16).
2.4 - Espírito do Senhor
O Espírito Santo, quando se apresenta como “Espírito do Senhor”, revela o senhorio de Deus Todo-Poderoso (2 Co 3.17,18). A palavra “Senhor” não se restringe a uma pessoa, mas as três da Trindade. Em relação a Deus Pai, ela diz respeito ao que Lhe pertence, porque todas as coisas foram feitas por Ele. A Igreja também é “propriedade exclusiva de Deus” (1 Pe 2.9). Em relação a Cristo, Paulo declarou aos Coríntios: “mas vós sois dEle” (1 Co 1.30). Quando o Espírito do Senhor, se manifesta na vida do cristão ou, de modo geral na Igreja, significa que Ele quer exercer o seu senhorio (Cl 1.16-19).
3. Nomes Divinos que Descrevem as Pessoas da Trindade
3.1 - Espírito Santo
“Espírito” indica a sua natureza. Diz respeito ao que Ele é em si mesmo. “Santo” refere-se ao seu caráter; indica sua natureza. O poder do Pai é o mesmo existente no Filho e no Espírito Santo. Então, em sua onipotência, o Espírito Santo faz o que Lhe apraz (1 Co 12.11).
b) - Onisciência: A palavra “onisciência” deriva-se de duas palavras latinas: “omnis” que significa “tudo”, e “scientia” que quer dizer “conhecimento”. O Espírito Santo, do mesmo modo que o Pai e o Filho, tem total conhecimento de todas as coisas. Sua sabedoria é infinita, singular e indescritível. Ele sabe tudo acerca de si mesmo e do que criou (Sl 139.2,11,13). Conhece o homem profundamente (1 Rs 8. 39; Jr 16.17; Rm 8. 27). Ninguém pode esconder coisa alguma dEle. Nem um só pensamento nosso passa despercebido do Espírito Santo.
c) - Onipresença (Sl 139.7-10): A palavra “onipresença” deriva-se de duas palavras latinas “omnis” que significa “tudo” e “praesum” que quer dizer “estar próximo ou presente”. O Espírito Santo penetra em todas as coisas e perscruta o nosso entendimento, pois está presente em toda parte. Ele não se divide em várias manifestações, porque sua presença é total em cada lugar onde estiver (At 17.24-28; Jr 23.23,24). Em relação à Trindade, cada pessoa destaca-se em manifestações distintas que mostram a onipresença da divindade. O Pai tornou-se conhecido através do Filho na terra (Mt 11.27), e o Espírito Santo é a manifestação do Pai e do Filho na vida do cristão (Jo 14.17,19,20,23).
d) - Imutabilidade: A imutabilidade é um atributo próprio do Espírito Santo. Significa que Ele está livre de toda mudança (Ml 3.6). Tudo o que se diz a seu respeito como Deus Espírito, é perfeito e imutável. Este atributo não é exclusivo de uma pessoa da Trindade, mas pertence às três (Rm 1.23; Hb 1.11).
e) - Eternidade (Hb 9.14): É um atributo intrínseco da Divindade. Por isto, o autor da carta aos Hebreus identifica o Espírito Santo como “Espírito Eterno”. Ele transcende a todas as limitações temporais.
f) - Infinitude: Por infinitude, entende-se que sua existência não tem fim. Nada confina o Espírito Santo no espaço, nem O retém no tempo.
e) - Imensidade: Por imensidade, compreende-se que o Espírito Santo é total, pleno e completo. Ele não se divide, mas pode estar presente em toda parte com todo seu ser (Sl 139.7-12). Notemos o seguinte: Os anjos são espíritos criados sem corpos materiais, mas nem por isso estão em todo lugar ao mesmo tempo. Os homens são espíritos corporizados e, portanto, limitados no espaço. Nem aos anjos e nem aos homens lhes são atribuídas qualidades divinas da imensidade. A plenitude pertence, de fato, única e exclusivamente à Divindade (Sl 97.1-12).
SITUADA A AV. DESEMBARGADOR GILSON MENDONÇA, 701 - BAIRRO CONSOLAÇÃO-VITÓRIA-ES MINISTÉRIO RESTAURAÇÃO E VIDA, LIDERADA PELO PASTOR GIVANILDO ZORZAL(PASTOR PRESIDENTE) E PELO PR. FABES DELA COSTA VASCONCELOS (VICE) E OS DEMAIS OBREIROS E IRMÃOS. FONE:027-99630391/027-3254-3119/027-8842-2207